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terça-feira, 6 de julho de 2010

O conceito de Competência e a Formação Profissional

O conceito de competência é polissémico e foi se reformulando ao longo dos tempos. Dos anos 50 aos anos 80 perdurou a concepção de competência como comportamento manifesto, observável e mensurável. É um “saber fazer”, uma acção em situação, com o foco central nos resultados.

A autora Pires (2005) nos informa que no campo da formação esta concepção se reflectiu em um sistema de ensino formal, voltado para resultados, centrado no conhecimento e nos conteúdos com pouca articulação com a acção. O ensino baseava-se em um conjunto de sequências de aprendizagem estandardizada onde se valorizava a memorização e a repetição. Os aspectos emocionais, sociais e políticos não eram muito valorizados. A formação profissional, centrada nesta concepção, propunha uma definição sobre o que seria o comportamento excelente e a suas componentes. Posteriormente construía-se uma sequência de aprendizagem e formas de avaliação. Nesta óptica não havia espaço para uma reflexão e compreensão acerca do próprio conhecimento e da prática.

As mudanças ocorridas no mundo, a globalização, o avanço da tecnologia, as transformações económicas exigiram um novo perfil de profissional no mercado de trabalho. Um profissional que não só soubesse executar tarefas mas também que soubesse lidar, de maneira crítica e criativa, com as dificuldades e problemas oriundos do universo do trabalho. Para se chegar a tal finalidade com sucesso foi necessário repensar as concepções da escola e da formação profissional.

As transformações iniciais ocorreram na mudança do conceito de competência agora entendido como:
“a capacidade de agir, em situações previstas e não previstas, com rapidez e eficiência, articulando conhecimentos tácitos e científicos a experiências de vida e laborais vivenciadas ao longo das histórias de vida (…) vinculada a ideia de solucionar problemas, mobilizando conhecimentos de forma transdisciplinar a comportamentos e habilidades psicofísicas, e transferindo-os para novas situações; supõe, portanto a capacidade de actuar mobilizando conhecimentos” (Kuenzer, 2003:2).

Este novo paradigma abriu espaço para o pensar em novas propostas metodológicas e curriculares que atendessem melhor a proposição de articulação entre conhecimento e prática. A formação baseada em competências substituiu a centralidade dos conteúdos, pela centralidade da relação processo/conteúdo/método, de forma reflexiva.

Na formação profissional, em que existe o desafio da articulação entre teoria e prática, a forma mais adequada metodologicamente passa a ser a alternância de tempos e espaços em períodos de aprendizagens através de actividades teórico/ práticas formalizadas. Estas aprendizagens devem contemplar não só o conhecimento básico e o especifico mas, também, o conhecimento para actuar no mundo do trabalho e no mundo das relações sociais.
É por esta razão que se faz necessário cada vez mais espaço e empenho para a implementação de programas de Competência Social e de desenvolvimento da Inteligência Emocional nestes contextos.




Fonte: Kuenzer, A. (2003) Competência como praxis: os dilemas da relação entre teoria e pratica na educação de trabalhadores. Boletim Técnico do SENAC. Senac, Brasil in http:www.senac.br (11/02/2008)

Pires, A. (2005). Modelos de educação/Formação baseados em Competências. In Educação e formação ao longo da vida: Analise critica dos sistemas e Dispositivos de Reconhecimento e Validação de aprendizagens e de Competências. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

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